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I
Dezembro. Época de Natal. As ruas da Madeira eram frias e iluminadas. O investimento tinha sido grande e não havia canto nenhum naquela ilha que não tivesse iluminações de Natal. Há dois meses que os habitantes não sabiam o que era uma rua escura e até os morcegos ali residentes se tinham visto obrigados e emigrar para as ruas escuras do Continente, que a crise impediu de iluminar.
A Madeira era governada há vários anos por Alberto João Jardim, um velho que vivia revoltado com a vida e com o Continente, de quem sempre pediu a independência, sempre sem sucesso. A principal fonte de rendimento da Madeira era a sua paisagem, linda, reconhecida em todos os cantos do mundo. Mas isso não era suficiente para Jardim, que fazia da Madeira um daqueles homens de 30 anos que ainda vive com os pais e, mesmo estando empregado, recebe todos os meses a mesada dos pais, neste caso do Continente.
Alberto João Jardim tinha um fiel empregado, o Joaquim Contribuinte, coolaborador desde o inicio da sua carreira e a garantia de que este continuava a ter o mesmo sucesso político de sempre, apesar de nem sempre estar de acordo com os seus actos. A verdade é que a relação de Jardim e Contribuinte já tinha conhecido melhores dias. Joaquim tinha 4 filhos, um deles gravemente doente, a pequena Carteira. Contribuinte trabalhava dia e noite sem parar por uns míseros euros e nunca tinha tido uma boa vida. Apenas podia contar com o amor da sua familia.