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Uma dúvida a tirar antes da meia-noite:
-Posso trocar as 12 passas por bolachas Oreo ou batatas fritas??
Afinal aquele ainda não era o último post deste ano. Tudo porque houve uma dúvida que penetrou o meu cérebro da mesma maneira que o punho do ladrão penetra o vidro da janela da casa que ele vai assaltar.
O que se passa é isto. Há países que já entraram em 2012 e que já o estão a viver, muitos deles já em estado de ressaca depois de uma noite regada com álcool. Se 2012 já está a ser usado por esses países, será que faz sentido desejar às pessoas um bom Ano Novo, quando o vamos receber já em 2ª mão??
Desejem apenas um bom 2012...
Descreva 2011 em seis palavras.
Se este post fosse escrito pelo meu avô, teria que ser censurado pela equipa do Sapo, pois as palavras que mais ouvi o meu avô dizer foram muito feias e envolviam sempre políticos.
Escolhendo eu as minhas 6 palavras, teria de começar com austeridade. Não sei o que significa, mas parece ser uma coisa má. Não por nos obrigar a trabalhar, mas por ter sido sugerida por políticos. Se fosse o Manuel Luís Goucha ou a Cláudia Vieira a sugerir, os portugueses não se importavam.
Também descreveria 2011 como um ano de mudança. Muita gente começou o ano a prometer que ia mudar, diria mesmo que fez parte de 80% das resoluções de ano novo. A promessa foi-se adiando e, quando chegou a Novembro, passou a fazer parte dos planos para 2012. Mesmo assim as pessoas mudaram em 2011... de canal na televisão, de Primeiro Ministro e as lâmpadas que se iam fundindo ao longo do ano.
É. Não sei se a podemos considerar uma palavra, mas entra aqui em representação das palavras que o meu avô usaria para este post. "O Sócrates é ..." ou mesmo "O Passos Coelho é um grande ..." e porque não "Alberto João é ...". Creio que já perceberam a minha ideia.
Não esquecer também a palavra buraco. E não estou a falar apenas das mãos do guarda-redes Roberto nem do orçamento de alguns países europeus. As nossas estradas estão cada vez mais esburacadas e quando eu tiver a carta de condução, vou chamar ao acto de conduzir "The Swiss Cheese Experience".
A 5ª palavra que uso para descrever o ano de 2011 é senha. Sim, porque aposto que este ano foi batido o recorde de senhas de vez nos Centros de Emprego. Para não falar também das senhas dos Hospitais e Centros de Saúde, farmácias, CTT, etc. As salas de espera são a 2ª casa de muitos portugueses.
E, para terminar, Facebook. Que explosão que esta rede social teve este ano. Tenho de ir procurar para confirmar, mas acho que a mercearia da vizinha Helena ainda não tem uma página no Facebook. Não admira que já não tenha clientes.
E foi assim o último post deste ano no Produto Oficial Não Licenciado.
Até para o ano.
VII
O relógio já marcava as 12 horas do dia 25 quando Alberto João acorda no sofá. Tinha adormecido no meio dos seus pensamentos. A caixa dos recortes e a garrafa de cerveja tinham desaparecido. Jardim estava muito confuso, mas sabia o que tinha de fazer: regressar à cama e dormir aquilo que não tinha conseguido durante a noite. Acorda novamente ao final do dia, perto da hora do jantar e liga a todos os meios de comunicação para marcar uma conferência de imprensa para a hora de almoço no dia seguinte. A noite anterior tinha dado que pensar.
Chega a hora e Jardim apresenta-se na conferência de imprensa dizendo que tem um anuncio importante para fazer.
-Bom dia a todos os madeirenses e aos portugueses que me estão a ver. Eu tenho um comunicado importante a fazer. Passei o pior Natal da minha vida. E a culpa é dos bandalhos do Continente. Houve um engrume qualquer do Continente que me deve ter posto droga num champagne que bebi durante uma das inaugurações do dia 24 e fez com que passasse um Natal terrível. Tive alucinações durante toda a noite e mal consegui dormir. Este foi um golpe muito baixo, mesmo para essa saldanhada do Continente. Quero, por isso, acusar o Continente de tentar por meios terríveis e não democráticos afastar-me de um posto que é meu por direito. A todas as vossas perguntas respondo "a culpa é do Continente". E tenho dito!
Jardim não tinha aprendido a lição.
(...)
Agosto de 2017. Alberto João Jardim perde a presidência do Governo Regional da Madeira e é condenado por abuso de poder e de valores. É proibido de mexer em dinheiro, ficando as suas economias a cargo de Fernando Lampreia, enteado de José Sócrates, filho de Manuela Almeida, casada com Sócrates desde 2015. Jardim é também proibido de entrar em Portugal Continental. Carteira, filha de Contribuinte havia falecido em 2016, após uma longa batalha contra a sua doença. Jardim culpou o Continente por não ter financiado a medicina madeirense nem de ter aceite a Carteira nos seus hospitais. Todas as noites, quando se vai deitar, Jardim lembra-se da visita dos 3 fantasmas. Se lhes tivesse dado ouvios, tinha-se demitido a 26 de Dezembro de 2011 e vivia hoje como um lorde numa ilha das Caraibas...
VII
Jardim voltava a estar sozinho no seu quarto. Ao contrário do que tinha acontecido no fim da visita do Fantasma do Passado, já não tomou o caminho da cama. Dirigiu-se com a caixa dos recortes para a sala e começou a lê-los atenciosamente.
O relógio já marcava as 5 da manhã quando o silêncio que pairava na casa de Jardim volta a ser interrompido. Já Jardim tinha adormecido no sofá e volta a acordar em sobressalto.
-É... É o 3º Fantasma?
-Sou pois.
-Onde estás tu?
-Dentro do frigorífico.
-Dentro do frigorífico? Mas que raio faz uma nota dentro do frigorífico?
Jardim correm em direcção ao frigorífico, corrida que é interrompida quando este tropeça no tapete e cai no chão. Depois de alguns segundos a contorcer-se com dores, volta a levantar-se e chega, finalmente, ao frigorífico. Jardim corre o frigorífico várias vezes com os olhos e não encontra nenhuma nota.
-Onde estás?
-Estou aqui.
-Não te estou a ver.
-É normal, não estás à procura do objecto certo.
-Não és uma nota?
-Não. Sou uma carica, estou agarrado a uma destas garrafas de cerveja.
-Qual?
-A 3ª a contar da esquerda.
-Tenho que abrir a garrafa?
-Convém, estou a ficar bêbado só com o cheiro.
-Porque é que não vens em forma de dinheiro como os outros dois?
-Não sei bem como te dizer isto..
-NÃO HAVERÁ DINHEIRO NO FUTURO???
-HAHAHAHAHAHAHA
-De que te ris?
-Claro que haverá dinheiro no futuro..
-Então porque é que vieste numa carica?
-Bem.. vamos ser directos... eu vim em forma de carica porque tu no futuro serás proibido de tocar em dinheiro, daí não haver nenhuma moeda ou nota disponível para ti.
-Como assim??
-Sabes o que é dinheiro?
-Claro que sei!!
-Sabes o que é uma proibição?
-CLARO!
-Então soma 1+1...
-Mas não pode ser..
-Claro que pode. Não lhe deste o melhor uso e mereces este castigo.
-E como é que eu vou viver?
-Terás uma pessoa que cuidará das tuas economias..
-Mas.. mas não pode ser.
-Claro que pode. Queres fazer uma viagem?
-NÃO!!
-Não faz mal. Também ias ser a única pessoa que ia assistir ao teu funeral.
-O meu funeral? A única pessoa?
-Bem, não serias a única. A imprensa vai lá estar em peso para fazer a reportagem. A verdade é que foste ignorando as pessoas com o tempo e elas acabaram por não ter disponibilidade para fazer uma última despedida.
-Mas...
-E quando saíres do Governo..
-O quê?
-Vai haver uma lista.. Não é assim tão má.. Não vais ser considerado pior que nomes como Hitler e Salazar.. Para não falar nas piadinhas de mau gosto que vão aparecer em massa nas redes sociais..
-Mas as pessoas gostam de mim..
-*Tosse*
-Mas não pode ser..
-Claro que pode.. A não ser que comeces a mudar de atitude.
-Eu mudo. O que posso fazer para mudar?? DIZ-ME!!
-Não te posso dizer.
-Mas como vou saber??
-Procura a resposta dentro do teu coração..
VI
-VAI-TE EMBORA BANDALHO, SAI DE MINHA CASA!!
-Calma Alberto, não se trata assim as visitas, ainda por cima no dia de Natal.
-TU ESTÁS A ESTRAGAR O MEU DIA!
-A minha visita está quase no fim, preciso que faças apenas uma coisa.
-O quê?
-Pega no comando e acende a televisão.
-Para quê?
-Faz o que te digo. Quanto mais depressa o fizeres, mais depressa eu me vou embora!
Alberto João continua a resmungar, mas acede ao pedido da nota de 5 euros e acende a televisão. A programação não era a esperada.
-O que é isto?
-Não reconheces?
-Parece-me a casa da minha prima Alcinda, eu estive lá em Setembro a fazer campanha para as eleições.
-É mesmo a casa da tua prima. Engraçado que só a conheças das campanhas políticas.
-O que faz a casa da Alcinda na TVI?
-Não está na TVI, eu apenas deixei ali o logótipo para enfeitar. Até acho que fica ali bem.
-Aqueles são os meus familiares. Porque me estás a mostrar isto?
-Para veres o quão divertidos eles estão.
-As festas de Natal da minha família sempre foram animadas, isto não é nenhuma novidade para mim.
-Pois.. realmente.. agora podem jogar à vontade que não há batoteiros por perto.
-Tu não te sabes divertir. Fazer batota é divertido e dá emoção ao jogo.
-Porque é que não estás com eles?
-Porque estou cheio de trabalho e não tenho tempo para estas festas.
-É uma pena, eles gostavam muito da tua companhia. Apesar de tudo, sabias como animar a festa.
-Eu gosto muito deles, mas as prioridades de um homem mudam.
-E os sentimentos também.
-Como assim?
-Não tens medo de cair no esquecimento no teu seio familiar?
-HAHAHAHAHAHAHA ... impossível meu caro. Eu apareço todos os dias na televisão.
-Pois, claro.. Não corres o risco de sair das cabeças deles, mas já estiveste mais longe de sair dos corações deles!
-Bah
-Deste lado está tudo. Agora muda para a SIC.
-Para quê?
-Faz o que te digo.
-Já está. Quem são estes? Parece-me ser a família do Joaquim Contribuinte.
-Muito bem.
-Não o vejo ali. Não está a passar o Natal com a família?
-Claro que sim, ele está na casa de banho, parece que chegámos na altura errada.
-Está a vomitar? Ele está doente??
-Não, digamos que recebeu uma chamada da natureza...
-Ah bom, ele não pode estar doente. Dia 26 é dia de trabalho.
-Lá estás tu, sempre preocupado com o trabalho.
-Se eu não me preocupasse a Madeira não evoluía. Temos de trabalhar. A época de Natal só vem travar a evolução.
-Eu pensava que gostavas. Com tantos shoppings que inauguras nesta época.
-Ajudam ao desenvolvimento económico.
-Achas mesmo?
-Claro!
-Se tu o dizes.. Mas vamos voltar à mesa. Com os impostos que têm de pagar é uma sorte ainda conseguirem fazer uma ceia de Natal decente. E quem fala da família do Contribuinte fala de outras famílias.
-A vida não está fácil para ninguém.
-Para ti está.
-Mas eu sou uma pessoa importante e trabalho muito.
-Claro que trabalhas. Não me estás a ver mas eu estou a fazer uma cara irónica.
-Bandalho.
-És muito engraçado. Sabes que o problema da família Contribuinte não é apenas a pouca comida que metem na mesa. Olha bem para a pequena Carteira.
-Coitada. Tão nova e com tantos problemas.
-Falei com o meu cunhado do futuro e ele não tem muitas esperanças na sobrevivência dela.
-Mas a pequenita não pode morrer.
-Estás preocupado com os dias de folga que o Joaquim ia ter se a filha morresse?
-Claro que não! Eu gosto da rapariga. É uma querida.
-Pois, mas a situação dela não tem melhoria à vista. Os país não têm dinheiro para comprar toda a medicação necessária.
-Mas não podemos mudar o rumo do futuro?
-Claro que sim. Mas é um esforço complicado e a iniciativa tinha de vir de cima.
-De cima? Como assim?
-Pensa..
-Deus?
-Não. De ti. Se pagares ao Contribuinte o correspondente àquilo que ele trabalha, ele poderá conseguir salvar a familia e, principalmente, a Carteira. Por enquanto a única coisa que eles podem ter é esperança. Agora vamos, o meu trabalho termina aqui.
-Vou receber a visita de mais alguém?
-Sim, daqui a algumas horas. Até lá pensa naquilo que eu e o meu tio-avô te mostrámos e dissemos. Feliz Natal Alberto...
BOAS FÉRIAS PAI NATAL!!!